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segunda-feira, 4 de junho de 2012

A voz do sertão



Esse texto abaixo foi produzido para a 3º edição do Concurso de Redação (http://www.expedicaosemiarido.org.br/wordpress/) que ocorreu no dia 20 de maio de 2012, para a expedição do semiárido, acerca do Centenário de Luiz Gonzaga e sua Influência na Cultura do Semiárido. Texto escrito por Sabrynna Mirelly.

A voz do sertão

Rei do Baião, mestre da música e um grande homem, Luiz Gonzaga nascido em Exu, Pernambuco, no dia 13 de Dezembro de 1912, foi um compositor popular que aprendeu a ter gosto pela música ouvindo as apresentações de cantores nordestinos em feiras e festas religiosas. 

Homem honesto, de bom coração que assim como muitos começou com pouco, mas com luta e simplicidade conseguiu o muito com muita dignidade. Logo no inicio, quando migrou para o sul do Brasil, teve que fazer de tudo um pouco, inclusive tocar em bares de beira de cais, mas foi quando um homem o mandou tocar aquelas músicas boas do sertão que ele compôs dois chamegos que viraram febre depois que ele tocou na rádio em um show de calouros de Ary Barroso, pois como a rádio era o principal veículo de divulgação da época ele mostrou seu talento cantando Vira e Mexe que abriu caminho para que pudesse vir a ser contratado pela emissora Nacional.

No decorrer dos vários anos, Luiz Gonzaga estilizou e recriou a riqueza musical nordestina e popularizou gêneros regionais, como toada, aboio, xote, chamego e xaxado, abrindo as portas desse estilo musical para o centro-sul do país e simbolizando o que melhor se tem da música nordestina. 

Cabra bom que tocando sua sanfona, instrumento tão pouco ilustre daquela época, e vestindo-se como nordestino típico, conquistou o povo e a mídia que passaram a apreciar a sua música. Cantou as dores e os amores de um povo que ainda não tinha voz, mostrou a realidade que se escondia, ou que simplesmente era escondida.

Na canção Vozes da Seca, por exemplo, musica feita com seu brilhante parceiro Zé Dantas, ele diz “se o doutô fizer assim salva o povo do sertão”, o que mostra como ele era incrível em conseguir em uma só canção, com uma linguagem simples e regional abordar três temas tão polêmicos que é a política, a seca presente nesse sertão e a questão do povo que sofre com essa estiagem, tendo que pedir esmola. Então, ele pede que os políticos ajam e livrem o povo e o sertão da seca que os afligem.

Na música Triste Partida abordou a questão dos nortistas que iam embora da sua terra em busca de trabalho no norte ou sul, ou seja, os retirantes nordestinos, retratados também na Vida do Viajante. Falou muito da seca e também da poluição como no Xote ecológico, falou do que há de bom e de ruim nessa terra de “muié macho, sim senhô”. 

Sua obra é marcada pela inventividade, originalidade e qualidade do repertório. Asa branca é um exemplo de que ainda hoje a música de Gonzaga faz sucesso, pois é cantada em todos os cantos desse país, fazendo parte do imaginário popular.

Ele tornou-se referência para todas as gerações de cantores, compositores e sanfoneiros que vieram depois dele, influenciou grandes artistas como Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Domiguinhos, entre outros, além de ser motivo de orgulho para todos nós, nordestinos.

Muitos podem até se perguntar como um homem que como alguns descreviam, usava roupas de bandido, ou seja, de Lampião, pôde ser considerado um dos melhores cantores da musica brasileira. Mas é ai que digo, foi por tudo isso, por ser sempre ele mesmo, que chegou aonde chegou, pois Luiz Gonzaga era a representação da alma de um povo, era a alma do nordeste cantando sua história, sempre com simplicidade e dignidade, atravessando barreiras e encantando todos por onde passava. 


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